Construção de Brasília
Data de publicação 22/07/2010
FGV
Sonho antigo
Mudar a capital era sonho antigo na história do Brasil. O Rio de Janeiro, cidade que se tornou capital da Colônia em 1763 e que recebeu a Corte portuguesa em 1808, apresentava inúmeros problemas. Além de ser vulnerável às invasões estrangeiras, tinha no clima tropical, que favorecia as epidemias, um grave obstáculo. Já na República, a cidade foi palco de inúmeras revoltas e era considerada o espaço da desordem. Tudo isso favorecia o sonho de uma capital no interior.
Entre os estudos mais antigos sobre a transferência da capital figuram as discussões de Francisco Adolfo Varnhagen, historiador e diplomata, que em 1877 publicou o trabalho "A questão da capital: marítima ou interior?". A mudança para o interior foi prevista já na primeira Constituição republicana, em 1891. Entre 1892 e 1896, uma famosa comissão dirigida por Luís Cruls, diretor do Observatório Astronômico, foi incumbida de demarcar no Planalto Central o quadrilátero a ser ocupado pela nova capital. Ainda no apagar do século XIX, políticos e engenheiros planejaram a nova capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, para ser a cidade dos seus sonhos, assim como, nos anos 1950, políticos e arquitetos fariam com Brasília. As duas cidades nasceram, cada uma a seu tempo, para ser modernas e realizar a integração dos "sertões", ou seja, interiorizar o país.
José Pessoa (terno preto), Mr. Dunh e outros durante visita do embaixador americano aos trabalhos da comissão de localização da Nova Capital. 1956.
(Foto: Arquivo José Pessoa) Mantida a menção a uma futura mudança na Constituição de 1934, também se discutiu o assunto na Constituinte de 1946, e houve até um projeto de transferência da capital para o Triângulo Mineiro. Em 1946 e 1953 novas comissões de localização foram nomeadas, e a última, no governo Café Filho, passou a ter em sua presidência o marechal José Pessoa, responsável pelo