Construtivismo
Atualmente, é comum recorrer-se a enfoques construtivistas para analisar questões de Relações Internacionais (RI) e salientar as dimensões da cultura e das identidades, ignoradas pelas perspectivas tradicionais. Mas o construtivismo não deve ser pensado como uma teoria, e, sim, como um modelo de raciocínio dentro do qual podemos identificar múltiplas versões de construtivismo.11 Daí a advertência feita por
Maja Zehfuss de que o fato de falar de ‘construtivismo’, nas Relações Internacionais, como um conceito homogêneo, esconde a variedade de enfoques que cabem nele.12
A vertente construtivista de Alexander Wendt, adotada neste trabalho, é apenas um desses enfoques. Wendt, contudo, é um dos principais representantes do enfoque construtivista no estudo das Relações Internacionais. Embora o termo
‘construtivismo’ tenha sido introduzido na disciplina por Nicholas Onuf, foi popularizado graças ao artigo Anarchy is What States Make of It, de Wendt, publicado em 1992.13 Mais tarde, em 1999, Wendt publicou o livro Social Theory of
International Politics14, considerado, por muitos, como um dos principais trabalhos da disciplina de Relações Internacionais, devido à combinação de realismo científico, holismo e idealismo.15
Esta vertente é apresentada, pelo próprio autor, como um meio termo, isto é, uma versão ‘moderada’ de construtivismo que pretende distanciar-se, por um lado, de formas mais radicais de idealismo (que argumentam que apenas as idéias importam), e, por outro, de versões puramente materialistas (que explicam a realidade apenas em função de fatores materiais).
Tal como o nome indica, o foco do construtivismo está na construção social da política internacional. Na base do argumento construtivista está a idéia de que