construcao do conhecimento no ensino da lingua escrita
CEMOrOc-Feusp / Núcleo Humanidades-ESDC / Univ. Autónoma de Barcelona -2007
A Construção do Conhecimento no Ensino da Língua
Escrita: da Teoria à Prática1
Silvia de Mattos Gasparian Colello
Faculdade de Educação da USP
(silvia.colello@uol.com.br)
O meu tema é ousado e, para lidar com ele no tempo disponível, vou organizar a minha fala a partir dos seguintes pontos: a concepção de linguagem, o objetivo da alfabetização, o processo de aprendizagem, a interferência do contexto sóciocultural na conquista do saber e a progressão do conhecimento. Com essa abordagem, o objetivo da palestra é pontuar aspectos teóricos que possam ampliar a compreensão sobre os desafios da prática pedagógica no ensino da língua escrita.
1. Concepção de linguagem
A primeira grande pergunta é a seguinte: Do que estamos falando quando fazemos referência ao ensino da leitura e escrita? Qual é a natureza desse objeto a ser ensinado?
Vou defender a idéia de que a língua escrita é um objeto paradoxal porque comporta simultaneamente dois pólos, um aberto e outro fechado. Como sistema fechado, a língua tem as suas normas e regras que não podem ser alteradas. Nesse sentido, escrever é respeitar padrões e convenções. Não se pode inventar um “outro” jeito de escrever porque a escrita tem a sua história, as palavras têm a suas origens e as estruturas lingüísticas carregam marcas milenares do percurso vivido pela humanidade. Apesar
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Palestra proferida no V Congresso Municipal de Educação – O Ensino Municipal: desafios e perspectivas
(São Paulo, 2006).
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disso, é possível dizer que a língua é um sistema aberto porque permite tudo dizer
(BAKHTIM, 2003; GERALDI, 1993). Longe de ser um instrumento limitado em suas formas de produção, aquele que aprende a ler e a escrever deve poder libertar a expressão de seus pensamentos para constituir a sua palavra ou o seu argumento de modo único. Em síntese, a aprendizagem da língua