Considerações sobre o filme ensaio sobre a cegueira
Os habitantes, contagiados um a um pela "cegueira branca", foram conduzidos a espaços improvisados e isolados de qualquer contato com o exterior. Uma única pessoa não foi contagiada, mas acompanhou o marido ao isolamento, no intuito de não abandoná-lo e prestar auxílio na organização do espaço que passaria a ser o habitat daquelas pessoas, enquanto o Estado buscava soluções para a epidemia que teimava em crescer a cada dia.
Nesse espaço, repleto de desespero e de diversidade veio à tona o que há de melhor e pior na humanidade; as pessoas confinadas revelaram o egoísmo que travam em suas relações cotidianas, a falta de solidariedade e desunião e, por outro lado, mostrou a capacidade de lidar com situações adversas sem perder a docilidade e capacidade de doação. O Estado, totalmente despreparado, tratou as pessoas de maneira irracional, segregando-os como animais contagiosos.
Constituído esse universo paralelo, o autor chama a atenção para o fato de as pessoas viverem em constante insatisfação com suas vidas, perdendo a capacidade de valorizar coisas simples. A atribulação em que vivemos, dificuldades financeiras, falência das relações conjugais é produto de nossa incapacidade em nos adequarmos ao "giro do mundo" sem prejuízo de nós mesmos. A mais valia nos colocou numa posição unilateral de materialismo desmedido e o avanço tecnológico das relações virtuais nos mostrou um outro plano, em que podemos estar em contato com milhares de pessoas e ao mesmo