Consciência linguística de fabiano
Fabiano, de Vidas Secas, romance de Graciliano Ramos, é um ser confuso e solitário. Suas palavras, poucas e limitadas, ilustram se conflito profundo com a natureza e os outros homens.
Há muitas maneiras de se falar de um homem. Quando esse homem é Graciliano Ramos as possibilidades se ampliam. Sendo muitos os caminhos, optamos por tornar sua obra Vidas Secas, num de seus aspectos, aquele que nos permite um aproximação sem sermos especialistas em literatura, mas profissionais preocupados com as questões de linguagem em suas relações com o pensamento e com o conhecimento humano, enfim como mediadora entre o homem e o mundo.
Nosso objetivo, pois, é tentar compreender o personagem principal do romance, Fabiano, a partir de sua produção linguística, suas reflexões e a expressão do seu mundo interior em dissonância constante com a realidade exterior opressiva, mesquinha e hostil.
A construção ficcional de Graciliano Ramos nos oferece o motivo para pensar a realidade da linguagem e suas implicações na inserção social do homem – aí incluída a sua identidade enquanto derivada da percepção do outro, de si mesmo – bem como a extensão do universo que ele consegue abranger.
A história é uma só, um só drama. O de uma família de retirantes impelida pela seca: Fabiano, Sinhá Vitória, os dois meninos e a cachorra Baleia. Nesse pequeno mundo pesa um grande silêncio: falta o vento, que traz a chuva, faltam palavras para assegurar maior realidade àquelas vidas difusamente humanas consumidas no mister extenuante de sobrevivência. A gestualidade preenche as lacunas para agregar algum sentido à comunicação rudimentar entre os membros do pequeno grupo. O ver, ou seja, o sentido da visão, assume grande importância nesse contexto. E sobretudo pelos olhos que se dá a apreensão do que se passa ao redor. Quando os personagens falam, estão em presença uns dos outros, comunicam-se por expressões e gestos que são captados através do olhar: “O único