Consciencia Negra Cartola
Há exatos 104 anos éramos presenteados com o nascimento de um dos grandes mestres do samba carioca: nascia Agenor Oliveira, o Cartola. Considerado por diversos músicos e críticos como o maior sambista da música brasileira, Cartola nasceu no Catete e passou a infância pelos arredores. Seu gosto pela música e samba começou ainda moreque, quando aprendeu com o pai a tocar cavaquinho e violão. Por dificuldades financeiras, sua numerosa família teve que se mudar para o morro da Mangueira – que já começava a se tornar uma favela.
Foi por lá que conheceu e se tornou amigo do Carlos Cachaça, entre outros bambas como Nelson do Cavaquinho, se iniciando no mundo da boemia, malandragem e samba. Foi após o falecimento de sua mãe que Cartola abandonou os estudos, arranjou um emprego e começou a usar o chapéu coco (foi por isso que ganhou o apelido). Andava pelas ruas à noite, dormia em trens do subúrbio e acabou contraindo doenças venéreas. Essa rotina o levou a adoecer em um barraco da favela, onde Deolinda, uma vizinha sete anos mais velha, cuidou de sua saúde e mais tarde tornou-se sua primeira esposa. Também com os amigos sambistas do morro, Cartola criou o Bloco dos Arengueiros, cujo núcleo fundou a Estação Primeira de Mangueira, 1928 – inclusive, o primeiro samba da escola foi do nosso mestre. Os sambas de Cartola se popularizaram na década de 30, em vozes ilustres como Araci de Almeida, Carmen Miranda, Francisco Alves, Mário Reis e Silvio Caldas.
A partir dessa década, a vida de Cartola mudou radicalmente. A relação com a diretoria da Mangueira não estava boa, ele contraiu meningite e foi morar em Nilópolis. Sumiu do meio musical, foi dado como morto e até alguns sambas foram feitos em sua homenagem. Sua mulher morreu pouco tempo depois de ataque cardíaco. Sem Deolinda, sua esposa, Cartola se mudou para uma favela no Caju, onde reencontrou a cunhada de Carlos Cachaça, Eusébia do Nascimento, dona Zica. Ela o encontrou entregue à bebida, desdentado,