Cartola
A trajetória do poeta da Mangueira é repleta de episódios como este. Entre períodos de ostracismo e de sucesso, sua vida ilustra a história do samba no Brasil. E com um final feliz.
O menino Angenor de Oliveira nasceu no dia 11 de outubro de 1908 no Catete, Zona Sul do Rio de Janeiro, e até os 11 anos teve uma infância confortável no bairro vizinho, Laranjeiras. Seu avô era cozinheiro do então vice-presidente Nilo Peçanha (1897-1924). O pai do futuro sambista, Sebastião de Oliveira, tocava cavaquinho, e sua mãe, Aída de Oliveira Gomes, era uma dedicada foliã. No carnaval, a família saía no Rancho dos Arrepiados, que desfilava no bairro. Suas cores: verde e rosa.
Com a morte do avô em 1919, os pais de Cartola foram em busca de um lugar mais barato para viver com seus sete filhos. Mudaram-se para o Morro da Mangueira, na Zona Norte, que na época não tinha mais do que cinqüenta barracos, indo morar no “Buraco Quente”, travessa cujo nome oficial é Saião Lobato, onde os sambistas se reuniam para cantar nos botequins. Ali Cartola começou a conviver intensamente com o universo da cultura negra do morro, participando das rodas de samba e de batuque, um jogo de pernadas praticado pelos bambas e valentes.
Logo tornou-se grande amigo de Carlos Cachaça (1902-1999), que viria a ser seu principal parceiro. Como era mais novo, Cartola o seguia pelos becos e vielas da Mangueira, desbravando seus mistérios e segredos. O apelido que