Conjecturas sobre o significado biológico da arte: Surgimento e transformações
A arte é a mais sofisticada capacidade que o cérebro humano realiza para transbordar os excessos de sensações internas. De fato, a humanidade não se apetece em “restringir” sua vida a reproduzir e, viabilizar as necessidades básicas de sobrevivência, para envelhecer e morrer. É preciso haver riso, conversas sem intuito, diversão, aquisições recompensatórias e muito mais para “que nossa vida valha a pena”. Sob uma óptica biológica, pode parecer contra-intuitivo nossa contemplação e valor atribuído a obras de arte. Para tanto, a elaboração ou aquisição de uma obra de arte não possui valor utilitário para sobrevivência, nem credita vantagem para sucesso reprodutivo. Porém, devemos olhar as origens do problema, para identificar os fatores evolutivos que permitiram o surgimento do que contemplamos como arte.
O homem Cro-magnon – que desenvolveu a linguagem falada há cerca de 40.000 anos atrás – já possuía o mesmo substrato neural que apresentamos hoje. Porém, evidências fósseis mostram que um substrato similar já era presente no homo-herectus, há cerca de 1,7 milhões de anos. Embora, só os Cro-magnons desenvolveram ferramentas sofisticadas e expressões artísticas. Nesse sentido, a arte rupestre pode ter sido um refinamento da linguagem falada, surgida como uma alternativa - o registro de uma informação mais duradoura que a fala - para comunicar uma representação ambiental. Entretanto, a linguagem falada conferiu maior eficiência na troca de informações entre os membros de um grupo. Estratégias de caça, confecção de ferramentas e outras atividades criativas foram amplamente desenvolvidas com seu surgimento. É plausível, que nesse momento tenha se elaborado formas de manipular a natureza, para uma mudança no estilo de vida desses povos.
Após milhares de anos num estilo de vida caçador-coletor, os homens adquiriram conhecimento sobre os fenômenos naturais. Com a