conhecimento
RESUMO
Ao final do diálogo Crátilo de Platão, deparamo-nos com a constatação de que os nomes não seriam capazes de dizer a essência das coisas, o que parece pôr em xeque a tarefa da filosofia pensada como atividade de busca do conhecimento presidida pelo lógos. O presente artigo pretende mostrar que é possível entrever, a partir da própria construção dos elementos que compõem o diálogo, sobretudo em sua dimensão dramática, indicações de que a linguagem não é destituída de seu papel de viabilizar o conhecimento.
Palavras-chave: Crátilo; Platão; Linguagem; Conhecimento.
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ABSTRACT
As we reach the end of Plato's dialogue Cratylus, we face the conclusion that names would fail to express the real essence of things, which seems to question the task of Philosophy conceived of as an activity in search of knowledge controlled by logos. The present paper attempts to show that it is possible to perceive, from the very construction of the elements that make up the dialogue itself, mainly with regard to its dramatic dimension, clues which suggest that language is not unable to play its part as knowledge maker.
Keywords: Cratylus; Plato; Language; Knowledge.
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O Crátilo parece desconcertante a quem pretenda mostrar que é inextrincável a relação entre linguagem e conhecimento, uma vez que a argumentação levada a cabo conduz, ao final do diálogo, a um duplo encurralamento: de um lado, os nomes, pensados como imitações da realidade, guardariam significados ambíguos, de modo a poderem significar tanto a imagem de uma realidade que é puro fluxo quanto à de uma que é sempre a mesma (Crátilo 437c) – nesse caso, não haveria um critério legítimo capaz de orientar a demarcação da verdade e, consequentemente, comprometeria a possibilidade mesma do conhecimento; de outro, se os nomes imitam a realidade e é a