Conhecimento empírico, científico, filosófico e teológico
Tendo visto o que o conhecimento não é, podemos arriscar a dizer o que é. Conforme Demo (2000, p. 25), "do ponto de vista dialético, conhecimento cientifico encontra seu distintivo maior na paixão pelo questionamento, alimentado pela dúvida metódica. Questionamento como método, não apenas como desconfiança esporádica, localizada, intermitente. 0s resultados do conhecimento científico, obtidos pela via do questionamento, permanecem questionáveis, por simples coerência de origem.
Antes de tudo, de acordo com Demo (2000), cientista é quem duvida do que vê, se diz, aparece e, ao mesmo tempo, não acredita poder afirmar algo com certeza absoluta. É comum a expectativa incongruente de tudo criticar e pensar que podemos oferecer algo já não criticável. "No contexto da unidade de contrários, o caminho que vai Q o mesmo que volta; criticar e ser criticado são, essencialmente, o mesmo procedimento metodológico. Nesse sentido, o conhecimento cientifico não produz certezas, mas fragilidades mais controladas" (DEMO, 2000, p. 25).
Questionar, entretanto, não é apenas resmungar contra, falar mal, desvalorizar, mas articular discurso com consistência 1ógica e capaz de convencer. Conforme Demo (2000), poderíamos propor que somente é cientifico o que for discutível. Esse procedimento metodológico articula dois horizontes interconectados: o da formalização lógica e o da prática. Dito de outra maneira, conhecimento cientifico precisa satisfazer a critérios de qualidade formal e política. Costumeiramente, segundo Demo (2000), aplicamos apenas os critérios formais, porque classicamente mais reconhecidos e aparentemente menos problemáticos. Entretanto, assim procedendo, nãoo nos desfazemos dos critérios políticos. Apenas os reprimimos ou argutamente os ocultamos.
Para que o discurso possa ser reconhecido como cientifico, precisa ser lógico, sistemático, coerente, sobretudo, bem-argumentado. Isso o distancia de outros