Congadas no brasil
Esse auto popular foi introduzido no Brasil pelos povos africanos, especialmente bantos e sudaneses. Como manifestação das raízes do povo, os elementos e os rituais variam de lugar para lugar, mantendo-se comuns apenas alguns traços fundamentais". Em regra geral uma das principais fontes inspiradoras foi a coroação dos reis congos. Já em 1674 os escravos faziam sua festa na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no Recife. Desde essa época, certas comunidades pintam de preto a imagem de Nossa Senhora, no propósito de torná-la solidária à sua causa.
Se para os escravos a festa era de caráter religioso, as autoridades tinham outras razões para a aprovação, chegando a emprestar roupas e jóias: forma de aquietar os negros, domando-lhes a natural revolta contra a sua condição. Os festejos começam pela comitiva que vai buscar o rei e a rainha. Desse desfile participam escravos, mestiços e forros, como são chamados os escravos libertados. No trajeto vão se executando diversos bailados, com demonstração de agilidade e imitação de atos guerreiros, quando se praticam o choque de armas brancas, a dança de espada e a célebre dança de Matassius, muito em voga nos séculos XVI e XVII.
De volta à sede (casa cedida para a festa), acontece o baile, associado a comida e bebida, tudo em meio a grande alegria. É comum o casal de reis ser representado pelo Rei Congo e a Rainha Ginga, fato que historicamente não pode ter acontecido. Na verdade, essas personagens foram rivais, tendo travado numerosos conflitos, nos quais a rainha saía rotineiramente vencedora.
A rainha Ginga, na realidade Njinga Nbandi, notabilizou-se pela defesa da autonomia de seu povo ante a opressão portuguesa. Gozando de largo prestígio junto à sua gente, morreu em 17 de dezembro de 1663.
Importante é assinalar que esses rituais, exatamente como se praticam no Brasil, nunca aconteceram na África. Sua criação é puramente brasileira e se deve à imaginação do negro cativo, necessitado de dar à