Conflitos étnicos no Iraque
Os sunitas árabes acreditam que o profeta Maomé (570-632), o fundador da religião, morreu sem apontar um sucessor para guiar a comunidade muçulmana no mundo. Após alguns anos, Abu Bakr -uma companhia constante do profeta- foi considerado o primeiro califa (sucessor), o que não é aceito pelos xiitas.
Os xiitas, ou "seguidores de Ali", defendem que Ali ibn Abi Talib, primo e genro de Maomé, é o primeiro califa muçulmano, fazendo com que a linhagem sucessória fosse formada por descendentes do profeta.
Os sunitas árabes tomaram o controle da região hoje conhecida como Iraque por volta do século 16 (na época do Império Otomano) e dominaram a política nacional desde a criação formal do país, em 1920.
Depois que o partido Baath -de Saddam Hussein- tomou o poder em 1968, ele recebeu apoio crescente dos clãs árabes sunitas no noroeste do Iraque.
Os xiitas foram muito oprimidos durante o regime ditatorial de Saddam (1979-2003), que era de origem sunita. Agora, sem o ditador e sua polícia política nas ruas, muitos xiitas estão revidando as agressões e humilhações sofridas durantes aqueles anos. Os sunitas sentem-se vítimas dessa nova onda de violência e também revidam-formando uma espiral de ataques terroristas por todo o país.
Os dois grupos religiosos são responsáveis pela maioria dos confrontos entre civis.Um terceiro grupo, os curdos, vive ao norte e busca a criação de um Estado próprio. Xiitas e sunitas compartilham a origem religiosa islâmica, e foram criados com o Cisma que dividiu os fiéis do profeta Maomé, após a sua morte, no século VII.
Os xiitas são maioria no Iraque -representam entre 60% e 65% da população, segundo estimativa da CIA, a agência de inteligência norte-americana. Já os sunitas representam entre 32% e 37% da população iraquiana, mas são maioria no mundo árabe (correspondem a mais de 85% dos muçulmanos de todo o mundo).
As origens do atual conflito, segundo analistas, são sócio-políticas.
Apesar de serem maioria no Iraque, os