conflito entre fé e a razão
"A razão pode lutar corpo a corpo com os terrores, e derrubá-los." Eurípedes
Os conflitos que mais chamam a atenção nas notícias tendem ou a ser de natureza política e militar, ou a envolver a luta entre as pessoas e o ambiente natural quando, nas inundações, nas secas e nas pragas, este se torna hostil. Mas subjacente a estes, e deles distinta uma vez que se trata de uma luta cujas proporções são as da própria história, encontra-se outra luta, uma luta profunda e muito importante porque dá forma aos destinos humanos de longo prazo. Trata-se da luta das idéias, exprimindo-se em termos de ideologias, política e enquadramentos conceituais que determinam convicções e morais. A nossa compreensão da situação humana e as escolhas que fazemos na gestão das indisciplinadas e difíceis complexidades da existência social assentam em idéias — geralmente, idéias sistematizadas em teorias. São as idéias que, em última instância, arrastam as pessoas para a paz ou a guerra, que dão forma aos sistemas em que vivem e que determinam o modo como os escassos recursos mundiais são partilhados. As idéias têm importância e, por conseguinte, também a tem a questão da razão, através da qual as idéias vivem ou morrem. Vista a uma certa luz, a razão é o armamento das idéias, a arma empregue nos conflitos travados entre pontos de vista. Isto indica que, num certo sentido, a razão é um absoluto que, corretamente utilizado, pode pôr termo a disputas e guiar-nos até à verdade. Mas a razão, entendida desta forma, tem sempre inimigos. Um deles é a religião, que afirma que a revelação, vinda de além-mundo, veicula verdades que não podem ser descobertas pela investigação humana, situada no seu seio. Outro desses inimigos é o relativismo, a opinião de que as diferentes verdades, as diferentes opiniões, as diferentes formas de pensar são todas igualmente válidas, não existindo um ponto de vista com autoridade, do qual elas possam ser