conflito entre fe e razão
Fé e razão e filosofia e teologia em Tomás de Aquino
Autor: Sávio Laet de Barros Campos.
Bacharel-Licenciado e Pós-Graduado em
Filosofia Pela Universidade Federal de Mato
Grosso.
1. A diferença entre razão e filosofia e fé e teologia
Como neste artigo falaremos dos binômios fé e razão, filosofia e teologia, cuida que distingamos, respectivamente, razão e filosofia e fé e teologia. A razão (ratio), faculdade discursiva do ser e dos “porquês”, é o modo pelo qual a perfeição absoluta da inteligência
(intelligentia) realiza-se no homem. Ela caracteriza-se por sua força abstrativa (abstractio, abstrahere), a qual denominamos intelecto (intellectus; intus-legere= ler dentro), capaz de alcançar o ser inteligível das coisas sensíveis e os primeiros princípios, e que se especifica pela sua capacidade de avançar no conhecimento da verdade, mediante um encadeamento lógico, que parte de princípios auto-evidentes e que denominamos raciocínio.1 Ora bem, a filosofia é o conhecimento pelas causas primeiras e mais universais, através da luz da razão
(lumen rationis).2 Agora bem, a fé é para a teologia o que os princípios naturais são para a razão.3 Contudo, diferentemente da luz da razão (lumen rationis), que é auto-evidente, a luz da fé (lumen fidei) é uma luz infusa (lumen infusum). Ora, a teologia é uma reflexão que parte da luz da fé (lumen fidei) como de seus princípios primeiros. A teologia não é, pois, a pura fé, mas fruto da razão iluminada pela fé (ratio fidei illustrata).4
1
NICOLAS, Marie-Joseph. Vocabulário da Suma Teológica. Trad. Aimom- Marie Roguet et al. São Paulo:
Loyola, 2001. v. I. Verbete: “Razão, Raciocínio (Ratio)”: “No primeiro sentido, a razão pode confundir-se com a inteligência. Mas nela pode distinguir-se: a função discursiva distingui-se da função intuitiva do espírito. A razão é a inteligência tal qual se apresenta no homem, não somente abstrativa, mas ainda avançando de uma verdade a outra por um encadeamento