Sabe-se que não existia na sociedade medieval a consciência de infância nem as particularidades dessa etapa da vida. E essa é uma das questões que Ariés destaca, mostrando que a criança sempre esteve à margem da família, e só era considerada um sujeito quando alcançava a maior idade. As crianças mal saiam dos cueiros e logo já se vestiam como adultos, de acordo com a sua condição social. Pareciam adultos em miniatura. A educação estava voltada para produzir adultos, e a sua idade não significava nada. Isso deixa claro então a falta de sentimento para com a criança. A família exercia somente uma função, assegurava a transmissão da vida, dos bens e dos nomes, e não penetrava muito longe na sensibilidade. As concepções sobre infância foram mudando ao longo dos séculos. Hoje, a criança é caracterizada por uma expressão especifica que é a infância. Esta é caracterizada como o novo, e segundo Adriana Friedmann, a criança é o símbolo da simplicidade natural. Porém, é necessário ampliar essa ideia, e considerar que cada criança possui contextos e situações diferenciadas. Sarmento também destaca essa questão, acrescentando que as crianças são sim afetadas pelas mudanças sociais, e elas, como seres concretos, são elas próprias, entre si, diferentemente afetadas por pertencer a classes sociais diferentes. É importante contextualizar o conceito de normose, o qual Adriana Friedmann destaca, que hoje é o grande desafio da educação. Normose é o conjunto de normas existentes e que são internalizadas. Esse tipo de educação, educação normótica, não aceita a diversidade, e ainda, não aceita que as famílias têm sofrido transformações estruturais crescentes. E Sarmento também chama a atenção sobre essa questão, pois, isso é muito preocupante, porque a não aceitação dessa ruptura de ‘modelo de família nuclear (pai, mãe, filhos)’ resulta no condicionamento e constrangimento das crianças na sociedade. As ideias de infância variam conforme a colocação da criança na família, na