A argumentação caracteriza-se como uma das ações humanas que visam ao convencimento. É um processo que se constrói a partir do raciocínio lógico, da organização do pensamento com o objetivo de apresentar uma tese e sustentá-la por meio de argumentos claros, convincentes, sem apelar ao imediatismo e à emocionalidade. Argumentar não é, portanto, convencer a qualquer custo, mas, sim, propor uma opinião, no mínimo verossímil, dando ao interlocutor boas razões para que possa aderir a ela. Pode até ser mais fácil convencer o interlocutor, ao menos a curto prazo, recorrendo somente a figuras de estilo ou utilizando raciocínios inconsistentes, manipulando-o psicologicamente, com o propósito de influenciá-lo. Argumentar, no entanto, é recusar-se a fazer uso desses recursos, que objetivam, tão-somente, a eficácia do discurso a qualquer preço. A preferência por tais expedientes abre espaço ao exercício da “violência persuasiva”. Esta ocorre quando, em lugar da racionalidade, da evidência, há o apelo à afetividade, à impulsividade, ao imediatismo. A persuasão, assim concebida, é própria de discursos publicitários, políticos e religiosos, entre outros. A coerção também se diferencia da argumentação: enquanto a primeira visa impor uma tese, por meio de uma proibição – por exemplo, como em “não fume” –, a segunda, por meio de argumentos próprios do raciocínio lógico, conduz o interlocutor a concluir que fumar é nocivo à saúde, ou, pelo menos, a refletir sobre os prejuízos do tabagismo. Podemos perceber, no último caso, o caráter “liberal” da argumentação, já que esta permite/pressupõe o confronto de idéias, sendo um campo propício ao debate. Mas é preciso lembrar que, no texto argumentativo, esse “efeito de liberdade”, que concede ao interlocutor o poder de refutar uma tese ou com ela concordar, confronta-se com o desejo do locutor, no sentido de conduzir o interlocutor a aderir às suas (do locutor) idéias. Argumentar, nesse caso, significa levar o interlocutor a