Conceito de antropologia
O antropólogo brasileiro Roque Laraia aborda o desenvolvimento do conceito de cultura, imprescindível para a compreensão do paradoxo da diversidade cultural da espécie humana. Vejamos a seguir como a Antropologia debateu o conceito de cultura no decorrer da história e suas conseqüências éticas, sociais e políticas. 1. O DETERMINISMO BIOLÓGICO Existem teorias que atribuem capacidades específicas inatas a “raças” ou a outros grupos humanos. Entretanto na atualidade a Antropologia é unânime em afirmar que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais, como escreveu Claude Levi-Strauss em 1952 (Cf. Antropologia Estrutural, 2). Em 1950, quando o mundo se refazia da catástrofe e do terror do racismo nazista, antropólogos físicos e culturais, geneticistas, biólogos e outros especialistas, reunidos em Paris com apoio da UNESCO, redigiram uma declaração da qual citamos: “Os dados científicos de que dispomos atualmente não confirmam a teoria segundo a qual as diferenças genéticas hereditárias constituiriam um fator de importância primordial entre as causas das diferenças que se manifestam entre as culturas e as obras das civilizações dos diversos povos ou grupos étnicos. Eles nos informam, pelo contrário, que essas diferenças se explicam antes de tudo pela história cultural de cada grupo. Os fatores que tiveram um papel preponderante na evolução do homem são a sua faculdade de aprender e a sua plasticidade. Esta dupla aptidão é o apanágio de todos os seres humanos. Ela constitui, de fato, uma das características específicas do homo sapiens”. “No estado atual de nossos conhecimentos, não foi ainda provada a validade da tese segundo a qual os grupos humanos diferem uns dos outros pelos traços psicologicamente inatos, quer se trate de inteligência ou temperamento. As pesquisas científicas revelam que o nível das aptidões mentais é quase o mesmo em todos os grupos étnicos”. Apesar da espécie humana se diferenciar anatômica e