comunicação e expressao
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TEXTO retirado de: As paixões do ego: complexidade, política e solidariedade, de Humberto MARIOTTI.
Ninguém faz nada sozinho. Precisamos do outro desde que nascemos: é ele quem confirma a nossa existência e a recíproca é verdadeira. Logo não há desenvolvimento humano sem desenvolvimento interpessoal. Não se vive sem ajuda — e toda ajuda vem de alguém.
É na convivência com os outros que encontramos forças para aprender a lidar, por exemplo, com os equívocos da moda. No momento, um dos principais deles tem sido chamado de
“competitividade”. Por trás desse termo, se esconde toda uma estratégia de preparação de seres humanos cada vez mais egocêntricos, para quem vencer implica sempre derrotar alguém. Para gente assim, vencer significa eliminar o outro — esse mesmo outro de quem depende a confirmação da nossa existência. A atual glorificação da “competitividade” beira o alucinatório. Ao que parece, as pessoas imaginam que um modo de vida, que a cada dia provoca mais exclusão social, não trará maiores consequências. É como se os assaltos, os sequestros e todas as demais formas de violência e abalo social fossem coisas abstratas. Como se elas só acontecessem aos outros. E como se não tendessem, como tendem, a aumentar em escala mundial.
A partir de um novo entendimento dessas variáveis, pode-se começar a construir ou consolidar valores que nos capacitem a agir de modo a ser competentes sem ser destrutivos. Em outras palavras, alcançar um grau de desenvolvimento que permita que os resultados de nossas ideias e ações produzam cada vez menos exclusão e que a vitória de uns não implique sempre o afastamento de muitos
— o que cedo ou tarde acabará derrotando a todos.
Seria muita ingenuidade acreditar que a competição destrutiva entre as pessoas e instituições irá desaparecer da noite para o dia. Estou falando de algo mais concreto, que pode