Compreender o império: uso de gramsci no Brasil no século XIX
Usos de Gramsci no Brasil no século XIX
Luiz Fernando Saraiva*
Théo Lobarinhas Piñeiro**
Apesar das inúmeras qualificações que são dadas ao pensador italiano Antônio
Gramsci, podemos dizer que Gramsci foi, antes de tudo, um dos maiores renovadores do pensamento marxista no século XX, influenciando várias vertentes. Talvez o alcance de suas idéias somente tenha sido menor do que os textos de Lênin e a atuação política e ideológica de Stálin junto a URSS e ao „bloco‟ socialista no pós 2ª Guerra Mundial.
Gramsci foi também um estudioso profícuo que abordou várias questões e temas, sendo a sua influência até hoje sentida em „ramos‟ tão diferentes das Ciências Sociais como o
Direito, a Educação, os estudos de Folclore, a Ciência Política e é claro, a História.
O alcance e a influência de seu pensamento nas Ciências Sociais brasileiras ainda estão por se devidamente dimensionados, de todo modo, não nos cabe aqui realizar essa avaliação. O que pretendemos – neste trabalho –tentar entender de que modo as idéias deste pensador e político italiano serviram (e servem) para se pensar realidades sociais e econômicas distintas do que a Itália do início do século XX ou as sociedades capitalistas. Especificamente em nosso caso, o desafio é demonstrar a pertinência da utilização de Gramsci no estudo da construção e dinâmica do Estado
Imperial brasileiro durante o século XIX. Portanto, o objetivo deste texto é buscar entender de que forma o pensamento gramsciniano foi utilizado para se pensar, a partir de novos pressupostos, a construção desse Estado Imperial e, ainda com base no filósofo sardo, propormos ainda uma outra „leitura‟ das imbricadas relações entre
Estado e Sociedade no Brasil do dezenove.
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Professor Adjunto do Departamento de História da UFF
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Professor Associado do Departamento de História e do PPGH da UFF
Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011
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Se já é