COMPREENDER E ENSINAR
Resenha Crítica
Uma tese convertida em livro estende à comunidade acadêmica e não-acadêmica a pesquisa privilegiada que se faz sob as grandes universidades. O tema “competência”, no imediatismo das primeiras impressões do leitor, padece do mal da abstração excessiva que acomete as teorias cujos fundamentos costumam ser amplos e genéricos, quando atravessam vários campos das humanidades, em especial o da educação.
À medida que a leitura progride, percebe-se que, a despeito da abstração inerente à temática, o valor maior da pesquisa não está na constatação de problemas teóricos e práticos (mais do que conhecidos na educação brasileira), nem nas soluções formuladas (esforço de grande parte dos educadores e estudiosos da área), mas na metalinguagem, sob a forma de um elucidário de expressões que transitam entre teorias afins.
Para garantir a delimitação de seu projeto a pesquisadora tem como núcleo de investigação a prática docente, reunindo trabalhos de Filosofia da Educação e Didática. Para ela, “competência pode ser definida como saber fazer bem o que é necessário e desejável no espaço da profissão. Isso se revela na antecipação de suas dimensões técnica e política, mediadas pela ética”.
Ainda que seja inevitável certa divagação ao expor conceitos relativos ao “ser do professor e do aluno”, as referências bibliográficas vão se somando de modo a compor um cotejo de opiniões, assertivas e estudos, reunindo fontes que incluem a poética de Carlos Drummond de Andrade e narrativas de Guimarães Rosa, por exemplo. Mas é no conjunto da argumentação científica que ganham expressividade até mesmo os questionamentos que não fazem parte da preocupação central do trabalho, mas são trazidas para compor o quadro de teorias: questões que se impõem diante da modernidade, do ponto de vista político-econômico (Eric Hobsbawn é uma das principais citações), compõem o capítulo “Compreender e Ensinar no Mundo