como uma estrela na terra toda criança é especial
Ana Paula Lacerda Lemos Depois de conhecer as raízes da “autoestima” se tornará mais fácil compreender a profundidade deste termo e o contexto no qual ele está inserido. Aquilo que parece ser um sentimento momentâneo do sujeito, na verdade, está relacionado a algo mais profundo; trata-se de um reflexo da sua constituição subjetiva e encontra-se ancorado em uma realidade externa que o aprisiona e o determina, mostrando-nos assim, uma indefectível submissão a um Outro primordial. Normalmente, a autoestima é considerada causa de determinados comportamentos, mas a partir desta aula poderemos vê-la como efeito de uma estrutura. “O homem deseja ser confirmado em seu ser pelo homem, e anseia por ter uma presença no ser do outro... – secreta e timidamente, ele espera por um Sim que lhe permita ser,e que só pode vir de uma pessoa humana a outra”. (Martin Buber) Freud em seu texto sobre o narcisismo de 1914, afirma que a autoestima é o ato de amar a si próprio, ou seja, e uma forma narcisista de amor.
O mito de Narciso, que serviu como ponto de partida para a utilização do termo narcisismo por Freud, ilustra e ajuda-nos a compreender o tema em questão.
“Filho do Deus Céfiso, protetor do rio do mesmo nome, e da ninfa Liríope, Narciso era de uma beleza ímpar. Atraiu o desejo de mais de uma ninfa, dentre elas Eco, a quem repeliu. Desesperada, esta adoeceu e pediu a Deusa Nemesis que a vingasse. Durante uma caçada, o rapaz fez uma pausa junto a uma fonte de águas claras: fascinado por seu reflexo, supôs estar vendo um outro ser e, paralisado, não mais conseguiu desviar os olhos daquele rosto que era o seu. Apaixonado por si mesmo, Narciso mergulhou os braços na água para abraçar aquela imagem que não parava de se esquivar. Torturado por esse desejo impossível, chorou e acabou por perceber que ele mesmo era o objeto de seu amor. Quis então separar-se de sua própria pessoa e se feriu ate