Comissão da verdade: o que eu tenho a ver com isso?

Comissão da Verdade: O que eu tenho a ver com isso?

“Só podemos perdoar a quem pudermos punir”
Hannah Arendt
Um dos assuntos que estão em voga em muitas reportagens nacionais é a aprovação da Comissão Nacional da Verdade. Mas o que diabos é isso? Durante o período em que o país foi governado por militares, muitos crimes foram praticados contra os Direitos Humanos como, por exemplo, a tortura, os desaparecimentos (sequestros) e os assassinatos. Após a implantação da Lei da Anistia, em 1979, tanto os militares quanto os opositores ao regime foram anistiados. Assim, um manto de perdão e silêncio cobriu o Brasil daqueles anos, deixando aquele pedaço da nossa história sob as sombras de um esquecimento forçado. Muito se tem feito para por o debate sobre aqueles anos na pauta do nosso dia a dia, questionando verdades e derrubando mitos como da “anistia ampla e irrestrita”. Basta ver que pesquisas recentes mostram que só houve anistia ampla, geral e irrestrita para os militares que se alinharam ao golpe, pois ainda hoje há ex-militantes da esquerda e alguns militares que não compactuavam com o regime que não foram contemplados com a Lei nº 6.683 - DE 28 DE AGOSTO DE 1979. Hoje, quase 50 anos depois do Golpe Militar de 1964, temos vestígios dos males introduzidos pelos “Salvadores do Brasil”. Ainda estão aí as discriminações dos movimentos sociais, as torturas que fazem parte das práticas das forças armadas, mesmo que se diga o contrário. O fato é que o país não conseguirá se livrar dessas práticas – nem da mentalidade que as sustém – enquanto os culpados pela sua introdução não forem punidos. Aprovada no final do mês de outubro de 2011, a lei que cria a Comissão Nacional da Verdade no Brasil, causou um alvoroço em diversos setores sociais, isso porque o primeiro objetivo desta comissão é “DESCOBRIR, ESCLARECER e RECONHECER ABUSOS DO PASSADO, DANDO VOZ ÀS VÍTIMAS.” A Comissão da Verdade brasileira não prevê a punição dos indivíduos que praticaram crimes contra