Com o que o Behaviorismo Radical trabalha
COM O QUE O BEHAVIORISMO RADICAL TRABALHA12
MARIA AMÉLIA MATOS3
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP
O título deste artigo pode criar uma expectativa de que ele trate dos métodos e estratégias com que a análise experimental do comportamento é feita. Para quem tiver essa expectativa eu recomendo a obra canônica do Prof. Murray Sidman, Tactics of Scientific Research, e para aqueles mais interessados em pesquisa aplicada eu recomendaria a obra de Johnston e
Pennypacker, Strategies and Tactics of Human Behavioral Research.
Aceitei escrevê-lo porque realmente a questão da definição (definição como questão de escolha) de um assunto é fundamental na elaboração de uma ciência. Somente após responder a este questão, pode o cientista passar para as questões seguintes, que dão início a seu programa de trabalho propriamente dito: “Dada a natureza de meu objeto de estudo, quais as variáveis de interesse?”, e, “Com que métodos de investigação devo estudar essas variáveis?”.
A Psicologia não possui uma unidade conceitual (e, conseqüentemente, não possui também uma unidade metodológica), não porque os psicólogos sejam neuróticos, competitivos ou inseguros, mas porque basicamente ainda não chegaram a um consenso sobre qual seja seu objeto de estudo (ou seja, a questão não é uma questão de personalidade, e sim de comportamento). Se esta minha fala ajudar a clarificar, para os estudantes aqui presentes, qual é a escolha do Behaviorismo Radical no que diz respeito a um objeto legítimo e viável de estudo, me dou por satisfeita. Só temo que esteja repetindo muito do que foi dito na Mesa Redonda de ontem sobre “contingências”, porque, ao final das contas, o behaviorista radical não trabalha propriamente com o comportamento, ele estuda e trabalha com contingências de reforçamento, isto é, com o comportar-se dentro de contextos.
Vejamos qual a definição de contexto para o behaviorista radical.
Em sua obra clássica publicada em 1938, The Behavior of Organisms, Skinner, sob o subtítulo “Uma