Coerência e coesão
Uma vez que o sentido é também a razão de qualquer comunicação, analisemos em primeiro lugar o conceito de coerência: “Qualidade ou estado de ser coerente, conexão, harmonia.” Este primeiro conceito está relacionado à existência de conexão entre situações ou acontecimentos, mas a nossa matéria de análise é o texto, onde apresentamos nossas ideias a respeito de fatos e acontecimentos, cujos conteúdos referenciais são medidos pela linguagem e pela estrutura textual. Antes de mais nada, é necessário haver coerência no que dizemos ou escrevemos, na comunicação que desejamos produzir e estabelecer. Ao falar de fatores que contribuem para o “grau de sucesso” de compreensão de um texto, aponta que “um fator de interesse e importância considerável é a coerência do discurso, sua estrutura, organização e conexidade subjacente”. O autor continua afirmando que “um discurso coerente tem alto grau de conexidade. Sem dúvida, a coerência é um dos principais fatores que contribuem para a textualidade (MARCUSHI, 2009). Ela atua diretamente para a construção de sentidos do texto. Assim, a coerência textual pode ser compreendida como sendo as articulações de ideias que conferem sentido a um texto. Ela se deve à organização global do mesmo, assegurando-lhe um princípio, um meio, um fim e ainda, uma adequação de linguagem ao tipo de texto e a observância do seu sentido, das palavras nele empregadas e das ideias expostas. Imaginemos o seguinte enunciado: “A festa começou, o salão ficou completamente vazio e todos os presentes começaram a dançar ao som de um retumbante silêncio.” A incoerência fica explícita nas ideias opostas aqui apresentadas: a festa começando e por isso, o salão ficando vazio. Se o salão ficou vazio, como haver presentes? Como é possível um silêncio retumbante? É preciso que haja uma mínima correlação entre pensamento e linguagem, e, por isso, este é um texto incoerente, uma vez que as ideias apresentadas não estão articuladas entre si e apresentam