Cláudia
A visão histórica de uma instituição pode se transformar ao longo do tempo?
A compreensão do passado, seja dentro ou fora da sala de aula, deve se mostrar como um rico exercício pelo qual o cotidiano se torna ponto de partida para outras questões que contemplam o passado. Há pouco tempo, o Vaticano publicou um artigo que defendia a ideia de que a máquina de lavar roupas teve uma contribuição significativa para que as mulheres passassem a elaborar as primeiras situações e movimentos em prol da emancipação feminina.
Curiosamente, o artigo intitulado “A máquina de lavar e a liberação das mulheres – ponha detergente, feche a tampa e relaxe” defende a simples perspectiva de que o tempo livre concedido pelas inovações tecnológicas trazidas com a revolução industrial pôde abrir caminho para novos hábitos para a mulher. De fato, a diminuição do tempo gasto com os afazeres domésticos pode ser visto como importante conquista que permitiu que a tradicional dona-de-casa pudesse pensar e discutir seu papel social desempenhado.
No entanto, se o texto não teve conteúdo ofensivo e nem mesmo renegou as conquistas das mulheres, por que os meios de comunicação tiveram o interesse de polemizar tal hipótese? Lançando essa questão para os alunos, o professor pode levantar um instigante debate sobre a relação dada entre a Igreja Católica e a mulher ao longo da História.
Inicialmente, é de suma importância esclarecer que a discussão não visa acusar ou defender um dos lados da questão, mas contemplar como essa relação acontecia e como ela ainda reverbera na atualidade. Para tanto, o professor pode fazer uma breve recuperação sobre os séculos inicias que marcam a história desta instituição religiosa que se expandiu ao longo das idades antiga e medieval.
Durante a Idade Média, a Igreja representou a mulher como um sujeito aberto aos vícios e dada à prática pecaminosa. Tal visão negativista buscava legitimação do