Clausewitz e os estudiosos da “nova guerra”
Bart Schuurman
© 2010 Bart Schuurman
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Este artigo foi originalmente publicado na revista Parameters (Spring 2010).
ESdE a SEGuNda Guerra Mundial, as forças armadas do Ocidente têm sido mais bem-sucedidas quando enfrentam oponentes cujas armas, métodos de organização e modo de pensar são bem semelhantes aos seus. Conflitos como a Guerra dos Seis dias (Israel, 1967) e a primeira Guerra do Golfo (1991) são exemplos da habilidade das forças militares ocidentais para derrotar adversários cujas capacidades são equivalentes às suas. No início dos anos 90, a queda da união Soviética pareceu confirmar as superioridades militar, econômica e ideológica do Ocidente. Entretanto, ao tempo em que ocorria a queda do Muro de Berlim, novas ameaças iam surgindo. Quando as esperanças de colher os dividendos dessa vitória foram apagadas na Somália, em Ruanda e nos Bálcãs, acadêmicos e profissionais militares passaram a buscar explicações para o fato de as mais poderosas forças militares do mundo não serem capazes de derrotar milícias inferiores, dotadas de armamento rudimentar. Muitos observadores concluíram que a natureza da guerra havia mudado e que as forças armadas do Ocidente tinham de se adaptar aos novos paradigmas. a escola de pensamento da “nova guerra” contribuiu significativamente para entendermos o motivo pelo qual a superioridade militar convencional tem valor limitado em guerras civis ou de contrainsurgência. a vitória nesses conflitos já não reside na capacidade de infligir destruição maciça, mas na capacidade de retirar o apoio popular dos oponentes, isolando o insurgente ou o terrorista daquilo de que ele mais precisa. Os teóricos da “nova guerra” já provaram que as forças armadas do Ocidente precisam alterar definitivamente a forma como encaram os conflitos armados e como
se preparam para eles. Infelizmente, alguns desses teóricos também tentaram mudar radicalmente a maneira como vemos os conflitos armados em