Classes sociais no mundo capitalista
É esta relação básica de produção que dá uma definição estrutural às classes sociais. Ela estabelece as funções essenciais que os agentes sociais preenchem no processo produtivo, bem como as formas de participação correspondentes no produto social. Apoiada pelo aparelho do Estado, que ela controla, a classe dominante em cada modo de produção apropria-se do excedente para si própria. Esta apropriação toma a forma de impostos no sistema econômico e social asiático, de trabalho escravo na escravidão, de corvéia no feudalismo, de lucro especulativo ou acumulação primitiva no capitalismo mercantilista, e de mais-valia ou lucro no capitalismo.
Até quase o fim do século XIX, os trabalhadores eram forçados a aceitar por seu trabalho uma remuneração que correspondia à mera subsistência. O excedente era totalmente apropriado pela classe dominante. Marx e os economistas clássicos definiram o trabalho assalariado precisamente como o nível de subsistência. Eles desenvolveram uma teoria de distribuição da renda na qual os salários eram dados como este nível de subsistência, mas historicamente determinados, enquanto os lucros apareciam como o resíduo, como a conseqüência do aumento (ou diminuição, nas teorias da estagnação de Ricardo e Marx) da produtividade. O enorme aumento de produtividade ensejado pelo capitalismo e o crescimento da capacidade organizacional dos trabalhadores mudou este quadro. Os salários começaram a aumentar acima do nível de subsistência, na proporção do aumento da produtividade, enquanto os lucros permaneceram relativamente constantes a longo prazo, apenas flutuando ciclicamente.1 Assim, atualmente, no capitalismo tecnoburocrático ou contemporâneo, os trabalhadores também se apropriam do excedente econômico: eles dividem com os capitalistas e com os tecnoburocratas os