clara dos anjos e bernarda soledade
"Em Clara dos Anjos relata-se a estória de uma pobre mulata, filha de um carteiro de subúrbio, que apesar das cautelas excessivas da família, é iludida, seduzida e, como tantas outras, desprezada, enfim, por um rapaz de condição social menos humilde do que a sua.
É uma estória onde se tenta pintar em cores ásperas o drama de tantas outras raparigas da mesma cor e do mesmo ambiente. O romancista procurou fazer de sua personagem uma figura apagada, de natureza "amorfa e pastosa", como se nela quisesse resumir a fatalidade que persegue tantas criaturas de sua casta: "A priori", diz, "estão condenadas, e tudo e todos parecem condenar os seus esforços e os dos seus para elevar a sua condição moral e social."
É claro que os traços singulares, capazes de formar um verdadeiro "caráter" romanesco, dando-lhe relevo próprio e nitidez hão de esbater-se aqui para melhor se ajustarem à regra genérica. E Clara dos Anjos torna-se, assim, menos uma personagem do que um argumento vivo e um elemento para a denúncia.”.
Denúncia ao preconceito racial e a discriminação social
O autor representa, na figura de Clara e no seu drama, a condição social da mulher, pobre e negra, “mulheres de cor”, daquele tempo. O preconceito racial por causa da cor, raça, a discriminação por ser pobre, e o determinismo com que essas mulheres eram vistas: toda mulher pobre e de cor estava determinada a ser seduzida, corrompida e abandonada.
É por isso que a mãe de Clara tinha uma superproteção para com a filha, porque ela sabia o conceito genérico que elas sofriam. Clara ao mesmo tempo em que representa as mulheres, pobres e de cor, acaba representando também a identidade, dos pobres e negros em geral, que também eram muito discriminados na época. Como no caso do próprio autor do livro, Lima Barreto, que assim como Clara, era pobre e mulato, e também sofreu discriminação por ser filho de uma negra.
Através da história das personagens é pintado um painel de críticas a