Ciência e ideologia

Ciência e Ideologia
Nós temos o equívoco de pensar que a ciência não está submetida e associada aos interesses, práticas e valores de uma determinada época e lugar. Isso vem do senso comum, que a caracteriza como algo neutro, que escapa de ideologias, o que certamente ela não é, já que antes de tudo é feita por homens, e estes não são neutros; talvez em sua essência ela seja, mas a partir do momento que para ser realizada, diversos fatores estão em jogo (política, economia, religião), ela deixa de ser. Se voltarmos atrás na Idade Média, por exemplo, isso tudo é muito claro. Em uma época em que a Igreja controlava todas as camadas da sociedade, e as doenças eram explicadas como sendo castigo divino, o estudo da anatomia era algo considerado pecado, o uso de ervas naturais que possuíam fins medicinais era bruxaria, entre uma variedade de outras coisas, a ciência sofreu um grande atraso; e isso perpetua até hoje, pois a religião ainda freia um bocado de pesquisas por serem contra a moral cristã. Nos dias que correm, a ciência juntamente com a tecnologia avançaram muito, contudo, ambas dependem de investidores para que continuem se desenvolvendo, o que faz com que sigam caminhos que visam principalmente o lucro, mas que consequentemente muitas vezes também trazem benefícios à população em geral. A indústria farmacêutica é um dos maiores exemplos desse interesse financeiro que envolve a ciência, ela é bem conhecida pela prática de trapacear custos e pela recusa de distribuição de medicamentos àqueles que não podem adquiri-los. A falta de drogas para o combate à pandemia de AIDS, particularmente na África, é prova suficiente da incapacidade de o capitalismo prover remédios aos necessitados, o que elimina descaradamente qualquer teoria que diga que essas empresas que financiam essas pesquisas estão voltadas para ajudar as pessoas. Além disso, elas na verdade não têm o menor interesse em encontrar a cura de fato para doenças com a AIDS ou o câncer, a maior