Ideologia e ciência
Para Marx, não se pode compreender uma teoria sem considerar o desenvolvimento das relações de classe, ou seja, as relações econômicas de produção. Entendendo a sociedade dividida em classes sociais antagônicas, Marx e Engels afirmam que os proprietários dos meios de produção material são também os proprietários dos meios de produção intelectual – e consequentemente os donos dos meios de produção da ciência. Notamos tal afirmação na famosa passagem da Ideologia Alemã: “os pensamentos das classes dominantes são também, em todas as épocas, os pensamentos dominantes”. Em outras palavras, a dominação proveniente do poder econômico converte-se em dominação ideológica.
A penetração da ideologia na produção do conhecimento científico também se dá por conta dos sujeitos envolvidos nesse processo. Como afirma Fourez na obra “A Construção das Ciências”, a comunidade científica pertence – sobretudo na sociedade industrial – à classe média e, como toda classe, desempenha um papel dentro da sociedade. Segundo o autor, essa classe média à qual a comunidade científica pertence pode ser caracterizada por uma identificação com a ordem social vigente, ao mesmo tempo em que possui um ressentimento por se achar prejudicada pela má organização social e roubada pelos impostos. Evidentemente, isso não impede que em determinados momentos tal comunidade tenha posturas “progressistas”. Em síntese, a comunidade científica não é um grupo neutro e desinteressado,