Ciência moderna x ciência contemporânea
Para Santos, o modelo de racionalidade que sustentou a ciência moderna a partir do século XVI apoiou-se tanto na distinção entre conhecimento científico e conhecimento do senso comum, por um lado, como entre natureza e pessoa humana, por outro.
Porém, houve sempre por parte da ciência moderna uma desconfiança sistemática diante das evidências de nossa experiência cotidiana, o que acabou por separar o homem da natureza. Em que toda a sua complexidade deveria ser reduzida e o que não era quantificável passou a ser considerado como cientificamente irrelevante.
O pressuposto desse tipo de conhecimento baseava-se na ideia de que a ordem e a estabilidade governam o mundo. Tratava-se, pois, de um conhecimento utilitário, funcional e mais preocupado com a capacidade de explicar, dominar e de transformar do que a de compreender a realidade circundante. Dessa forma, a racionalidade científica se impôs ao mundo de modo decisivo.
A consciência filosófica da ciência moderna, condensou-se principalmente no positivismo do século XVIII. E no final do século XIX, por meio do método científico-experimental.
O sucesso das aplicações teóricas e práticas da física de Newton, publicadas no livro Philosophiae Naturalis Principia Mathematica (1687), foi aos poucos gerando uma confiabilidade cega nesse tipo de ciência, impulsionando as demais ciências a seguirem esse ideal científico, com a finalidade precípua de obter resultados comprovados experimentalmente e de alcançar o mesmo status já alcançado pela física, pois para conhecer era importante experimentar, medir e comprovar. E o único conhecimento válido era o científico, à medida que permitia a verificação experimental e apresentava provas irrefutáveis de sua veracidade.
No início do século XX, entretanto, em virtude do entrelaçamento de múltiplas condições sociais e teóricas, essa atitude dogmática da ciência passou a ser sistematicamente denunciada por alguns cientistas pois a