Cinema e Politica
A Política Externa Brasileira em relação ao Fundo
Monetário Internacional durante o Governo Lula
The Brazilian Foreign Policy concerning the International
Monetary Fund during the Lula Administration
João Martins Tude*
Carlos Sanchez Milani**
Rev. Bras. Polít. Int. 56 (1): 85-103 [2013]
Introdução
O Brasil tem mantido relações formais com o Fundo Monetário Internacional
(FMI) desde as conferências que o conceberam. Essas relações vêm variando desde então por conta dos diferentes contextos políticos e econômicos, no âmbito internacional e doméstico, assim como pela natureza das relações Brasil-EUA, entre alinhamento, aliança, autonomia e distância crítica (Hirst 2009). Durante o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), um novo ciclo no relacionamento entre o FMI e o governo brasileiro se iniciou: a relação entre a administração FHC e o FMI se deu de maneira cooperativa, não havendo obstáculo político para que o governo brasileiro solicitasse apoio junto ao Fundo quando necessitou.
No governo FHC se buscou “imprimir coerência à ação externa”, consolidando a lógica da autonomia pela integração (Fonseca Júnior 1998) pela qual o Brasil buscou, internacionalmente, uma maior integração financeira e comercial e “completa adesão aos regimes internacionais, possibilitando a convergência da política externa brasileira com tendências mundiais, evitando, assim, o seu isolamento diante do mainstream internacional” (Vigevani, Oliveira, e Cintra 2003,
36). Acreditava-se que, em um ambiente de abertura ao capital internacional, o
País seria beneficiado pelos investimentos diretos, já que a concorrência forçaria a indústria nacional a se modernizar, ao passo que o fechamento do mercado nacional, por sua vez, só aprofundaria a “defasagem em relação aos países ricos e mesmo aos outros países subdesenvolvidos” (ibidem, 33). Na perspectiva crítica de Cervo e Amado (2010), essa nova lógica da política externa se vincula
* João Martins Tude é