Cinema e Politica
Por Renata Ramos Andrade
Com uma extensa carreira cinematográfica de quase 40 filmes, o diretor italiano Ettore Scola, descende de um grupo politizado, socialista e bem humorado que transformou o cinema italiano depois da II guerra mundial. Buscava transmitir em suas obras uma análise real da vida e também uma visão infantil que costumava encerrar suas películas. Embora adaptado de uma peça teatral de JeanClaude Penchena, “
O Baile
” não deixa de ser mais uma obra genial e instigante do diretor italiano. Em quase duas horas, o filme conta uma história da vida de uma casa de bailes que poderia estar situada durante 50 anos em qualquer cidade da França. Sem falar e apenas com olhares “
O Baile
” passa por épocas em que grandes acontecimentos marcaram as história do país, mudanças como o de uma pequena orquestra dando lugar a uma jukebox, os ideais de liberdade e igualdade semdo afrontados pelo nazismo ou pela xenofobia contra a imigração argelina, as ingênuas meninas de família saindo de cena para a chegada das pinups com influência do rock’n’roll. A guerra da Argelia que aconteceu entre 1954 e 1962, aparece como contexto político no filme de
Ettore Scola, dada devido ao desejo do povo argeliano de independência e caracterizouse por ataques de guerrilha e atos de violência contra civis. Segundo Hobsbawm, a guerra argelina foi de um nível incomparável de brutalidade, onde meios de tortura como o choque elétrico aplicados nas linguas e até orgãos genitais ajudaram a institucionalizar a tortura nas forças de segurança dos países. “A guerra argelina foi assim um conflito de uma brutalidade peculiar, que ajudou a institucionalizar a tortura nos exércitos, polícia e forças de segurança de países que se diziam civilizados. Popularizou o infame uso posterior e generalizado da tortura com choques elétricos aplicados a línguas, bicos de seios e órgãos genitais, e levou à derrubada da Quarta
República