Cinco lições de psicanalise
CINCO LIÇÕES DE PSICANÁLISE, LEONARDO DA VINCI E OUTROS TRABALHOS (1910) – VOLUME XI
EDITORA IMAGO
CINCO LIÇÕES DA PSICANÁLISE
II E IV LIÇÃO
Freud fez uso do hipnotismo com alguns pacientes, porém, ao cabo de algum tempo, percebeu que era inadequado para uma técnica definitiva. Não abandonou o hipnotismo, contudo, sem antes tirar, das observações feitas, conclusões decisivas. Confirmou, assim, que as recordações esquecidas não se haviam perdido. Jaziam em poder do doente e prontas a ressurgir em associação, mas alguma força as detinha, obrigando-as a permanecer inconscientes. A existência desta força podia ser admitida, pois sentia-se-lhe a potência quando, em oposição a ela, se intentava trazer à consciência do doente as lembranças inconscientes. A força que mantinha o estado mórbido fazia-se sentir como resistência do enfermo.
Nesta ideia de resistência ele alicerçou sua concepção acerca dos processos psíquicos na histeria. Para o restabelecimento do doente mostrava-se indispensável suprimir estas resistências, pois, ele via que as mesmas forças que, como resistência, se opunham a que o esquecido voltasse à consciência, deveriam ser as que antes tinham agido, expulsando da consciência os acidentes patogênicos correspondentes. A esse processo, ele deu o nome de repressão e julgou-o demonstrado pela presença inegável da resistência. Podia-se perguntar, que força era essa e quais as condições da repressão? Um exame comparativo das situações patogênicas permitia dar a conveniente resposta. Tratava-se do aparecimento de um desejo violento, mas em contraste com os demais desejos do indivíduo e incompatível com as aspirações morais e estéticas da própria personalidade. Produzia-se um rápido conflito e o desfecho desta luta interna era sucumbir à repressão a ideia que aparecia na consciência trazendo em si o desejo inconciliável, sendo a mesma expulsa da consciência e esquecida, juntamente com as respectivas lembranças. Era, portanto, a