ciencias
Fernando – De nada, a honra é toda minha.
Entrevistador: Podia-nos dar primeiro uma breve introdução sua?
Fernando: Sim, claro! Chamo me Fernando António Nogueira Pessoa e nasci em Lisboa a 13 de Junho de 1888. Posso dizer que não tive uma vida de sonho.
Entrevistador: Pode-nos explicar melhor isso?
Fernando: Meu pai morre aos 43 anos, vítima de tuberculose e o meu irmão Jorge morre no ano a seguir, antes de completar 1 ano. Eu e minha mãe ficamos sozinhos e com problemas em subsistir. Até a mobília leiloamos e mudamos de casa, para um modesto 3º andar da Rua de São Marçal. Entrevistador: Mas apesar disso, você é um grande poeta, tem recordações de quando começou a escrever?
Fernando: Sim, logo após a morte de meu pai. Comecei a escrever com o pseudónimo Chevalier de Pas, e o meu primeiro poema tinha a seguinte epígrafe: À Minha Querida Mamã. Como fiz o curso primário e toda a formação académica em Durban, escrevo tanto em português como em inglês. Cheguei mesmo, entre 899 candidatos, a receber o Queen Victoria Memorial Prize na minha prova de “ensaio de estilo inglês”, aquando da minha candidatura à Universidade do Cabo da Boa Esperança.
Entrevistador: Como explica a existência dos seus heterónimos?
Fernando: Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram.
A origem dos meus heterónimos é o fundo traço de histeria que existe em mim.
Entrevistador: E quantos heterónimos têm ao todo?
Fernando: 72, mas os mais conhecidos são Ricardo Reis, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos.
Entrevistador: Podia-nos falar acerca deles?
Fernando: Sim, claro. Ricardo Reis É um latinista por educação, e um semi-helenista por educação própria. Alberto Caeiro é o Mestre Ingénuo dos meus restantes heterónimos. Por fim Álvaro de Campos, Campos foi o único a manifestar fases poéticas diferentes ao longo da sua obra. Era um