Trabalho e consumo Importante atentarmos para a posição que ocupa o trabalho para o homem contemporâneo a partir dos diferentes contextos históricos. Fazendo uma retrospectiva histórica rápida percebemos que a Grécia Antiga valorizava o ócio para seus cidadãos, o qual somente era possível pela exploração do trabalho escravo. Em um determinado momento, quem sabe por oposição aos ideais Greco-romanos de ócio, o cristianismo intentou recuperar o valor do trabalho, sem colocá-lo como valor maior da existência. Segundo especialistas, mesmo a literatura bíblica apresenta o trabalho como maldição, porém, contraditoriamente a expressão o trabalho dignifica o homem é de origem cristã e foi exacerbada pelo protestantismo. Cristãos, Calvinos e Puritanos acreditaram que a riqueza material seria demonstração de saúde espiritual, e a pobreza, conseqüentemente, doenças e males do espírito, Oliveira (1997). Observamos que paralelo às transformações nos dogmas religiosos, o sistema urbano-industrial trouxe às práticas trabalhistas da civilização ocidental um novo sentido. O conceito de trabalho medieval que relacionava o tempo a um caráter sagrado é alterado para um sentido profano a partir da Modernidade. Tempo é dinheiro - time is money - é a expressão máxima do sistema produtivo capitalista. A industrialização crescente, os aspectos da produção e da mais-valia, a mercadorização e coisificação do homem são características deste sistema econômico, gerando, progressivamente, uma sociedade que ressalta como representação maior da vida o trabalho, e inibe o lúdico como direito à felicidade, sustentando um discurso de atrelamento entre a felicidade almejada e o aumento de produção. A diminuição da jornada de trabalho é uma luta histórica que esbarra no preconceito e na mitificação em torno da trilogia tempo/trabalho/lazer. No Brasil, apenas na segunda metade da década de 1920 é que se passa a haver alguma regulamentação sobre férias. Os trabalhadores obtiveram, em