ciencia
Pensar em Português
Ricardo Vélez Rodríguez1
A aventura do pensamento filosófico percorreu, na modernidade, o caminho das
Filosofias Nacionais. Antes do advento dos tempos modernos, pensava-se em Grego ou em Latim. Com o surgimento dos Estados Nacionais e a substituição do Latim pelas línguas vernáculas, a Filosofia Ocidental passou a ser pensada nestas novas variantes da comunicação humana. Os pensadores deram renda solta às vivências locais, regionais e nacionais que se consolidaram na língua respectiva. O Pensamento Ocidental tingiu-se, definitivamente, com as cores da problemática humana vivenciada pelas Nações modernas. É meu propósito, neste artigo, discorrer sobre o tema, chamando a atenção, na parte final, para algumas características inéditas da aventura do pensar em
Português, mais concretamente do Português falado no Brasil.
Dividirei a minha exposição em três partes: I – As Filosofias Nacionais e o estudo da Filosofia. II –Filosofias Nacionais e pensamento moderno. III - Características da aventura do Pensar em Português no Brasil.
I – As Filosofias Nacionais e o estudo da Filosofia.
O problema das Filosofias Nacionais é tema importante na evolução do pensamento contemporâneo. Não foi fácil chegar ao estágio atual de análise desapaixonada dessa questão. No contexto latino-americano, duas posições conflitantes poderíamos encontrar: a dos que simplesmente negaram a possibilidade da existência das Filosofias
Nacionais, a partir do pressuposto de que o pensar filosófico ocidental teria já sido
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Professor Associado e Coordenador do Núcleo de Estudos Ibéricos e Ibero-americanos da Universidade Federal de
Juiz de Fora. Membro-fundador da Academia Brasileira de Filosofia.
Brasiliana – Journal for Brazilian Studies. Vol. 2, n.1 (March. 2013). ISSN 2245-4373.
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Vélez Rodríguez, Ricardo. Pensar em Português.
formulado pelos pensadores europeus, cabendo-nos simplesmente