Ciencia politica
VII – Do Soberano
Rousseau ao expor a ideia de que um povo dar a si próprio a um rei, ou ao seu poder, afirma que este povo é, acima de tudo, povo. E ser povo é um ato civil, ou seja, supõe decisão, definição ou determinação, algo que o povo de hoje parece não ter ciência. Rousseau se mostra um visionário a frente do seu tempo em sua obra, talvez por isso ele em alguns momentos pareça tão utópico, um trecho que deixa isso muito evidente é quando ele diz: “Cumpre notar ainda que a deliberação pública, que pode obrigar todos os súditos ao soberano, por causa de duas relações diferentes, sob as quais se olha cada um deles, não pode, pelo motivo oposto, obrigar a si mesmo o soberano; e é, por conseguinte, contra a natureza do corpo político impor-se o soberano uma lei que não possa infringir; não se podendo considerar que, sob uma e mesma relação, fica então no caso de um particular contratando consigo mesmo; daqui se infere que não há nem pode haver alguma espécie de lei fundamental obrigatória para o corpo do povo, nem mesmo o contrato social; o que não significa não poder esse corpo empenhar-se com outro, no que não derroga o contrato, pois, a respeito do estrangeiro, ele se torna um ente simples, ou um indivíduo”.Além disso, esquecer o ato que dá existência ao corpo político seria destruir-se.O dever e o interesse obrigariam, desta forma, as duas partes contratantes a mutuamente se ajudarem, cuidando os mesmos em alcançar as vantagens que dessa relação dupla dependem.
O soberano, sendo formado por seus interesses, não tem e nem teria interesses contrários aos deles. Deste modo, o poder soberano não teria necessidade de sofrer nenhuma garantia por parte da população.
Este pensamento de Rousseau é interessante, no entanto esta muito distante da realidade atual. Isto seria algo como o seguinte: O Brasil é uma república que possui um governo democrático. Por esta razão, os seus governantes só agem em favor do povo e do interesse público.