Cidadão de Papel

1032 palavras 5 páginas
Brasil, país de grandes juristas e legisladores. Brasil, país em que os processos correm na justiça por anos a fio sem que, muitas vezes, se chegue a um termo satisfatório.

Brasil, onde temos presenciado e participado nos últimos anos de grandes e benéficas modificações na educação. Brasil, onde há crianças que ainda não conseguem chegar a escola e outras que, mesmo estando lá, saem sem que tenham aprendido muita coisa.

Brasil, pátria pródiga na produção de alimentos, um dos celeiros do mundo, o maior produtor e exportador mundial de açúcar, café, soja, frango e laranja. Brasil onde muita gente ainda passa fome e o governo tenta implementar políticas sociais de resgate da cidadania, como o "Fome Zero".

Brasil, local de nascimento de grandes expoentes das artes e do esporte como Tom Jobim, Jorge Amado, Tarsila do Amaral, Maria Esther Bueno, Pelé ou Ayrton Senna. Brasil, onde milhares de crianças são condenadas diariamente a vagar pelos sinais, por bares, por prostíbulos e tantos outros lugares deprimentes em busca da sobrevivência.

O livro "O Cidadão de Papel", do jornalista Gilberto Dimenstein, produzido nos primeiros anos da década de 1990, nos apresentou esse país de contrastes tão grandes. Uma das maiores economias do planeta e, ao mesmo tempo, um dos lugares mais socialmente injustos para se morar. As notícias divulgadas nos jornais todos os dias, vistas por muitos de nós como contingência de um sistema, ou seja, como algo contra o qual não adianta lutar, constituem a base e a referência para esse exame minucioso.

Dimenstein procurou focar sobre as questões sociais e seu impacto na vida dos pequenos brasileiros, das crianças.

Partiu da Declaração Universal dos Direitos Humanos e nos mostra, ao longo das páginas de seu livro, como estamos distantes da aplicação prática de elementos básicos e fundamentais para que possamos conceder a nossas crianças e jovens um mínimo de dignidade.

Os lixões e a falta de moradia são dois flagelos que

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