Cidades no caos
As cidades representam o povo que as edifica. Sempre foi assim. Elas retratam a criatividade, a lógica, a inteligência, o senso estético e econômico presentes na mente da média da população. Povos mais civilizados, mais instruídos, mais racionais produzem aglomerados humanos mais saudáveis, mais higiênicos e, por fim, mais coerentes. Os Romanos, há 20 séculos, construíam cidades segundo um padrão superior às metrópoles existentes hoje no terceiro mundo, guardados os avanços tecnológicos atuais e, naquela época, levaram seus conhecimentos a todo o Império conquistado.
Quem teve a oportunidade de conhecer alguma cidade dos EUA ou do Canadá, vista do alto, no sobrevôo de um avião quando aterrisa (desce para aterrar) ou, modernamente, através do Google Earth, poderá confrontar com o panorama aéreo que se vê nas cidades brasileiras e, então, entender o que significa estar à margem da civilização. Os países emergentes, com uma economia forte como a nossa, continuarão a pertencer ao chamado terceiro mundo enquanto persistir a inoperância e a ineficiência dos Entes Públicos. Aliás, poderíamos definir como pertencente à terceira categoria aqueles países onde não funcionam ou funcionam mal os Serviços Públicos, equivale dizer, onde o Executivo o Legislativo e o Judiciário deixam a desejar.
Não é fácil atinar o significado de síndrome do funcionalismo público, mas poderíamos dar um exemplo significativo. Lembro-me de ter lido, em minha juventude, algum livro, provavelmente da Vicki Baum, que relatava fatos da vida dos germano-judaicos residentes na Alemanha antes da Grande Guerra. Contava que, entre os hebreus, quando os filhos não tinham vocação para o comércio, para a música, nem para as finanças (finanças ou música), arranjavam logo um emprego público para ele. Naturalmente, somente esse fato (somente) não poderia explicar o mau funcionamento dos órgãos públicos mas, como preito a racionalidade, é preciso concluir que se uma determinada máquina funciona