cidade das palavras
Manguel nos mostra que escrevemos e contamos histórias para dar materialidade, para confirmar a existência dos fatos. Estes só existem quando contados, recontados, transferidos, interpretados e assimilados. O papel do contador de histórias é mexer com nossa imaginação, com nossos sentidos, é despertar lembranças, evocar ações. O contador de histórias existe para que não permaneçamos estagnados para sempre.
Ele segue adiante, discutindo a relação do leitor com a leitura e de que como isso vem passando por uma brusca transformação, desde que a indústria literária passou a ser determinada, controlada e orientada pelas leis do consumo. É analisada desde a disposição dos livros numa loja, o esquecimento de obras fabulosas e autores brilhantes, até a produção maciça de literatura fast food, feita apenas para entreter e embotar. A essa literatura superficial, sem essência, ele equipara a propaganda, com slogans fáceis, rápidos e efêmeros. Essas seriam estratégias que acabam por minar a reflexão e o questionamento, este último, um dos atos mais revolucionários da aventura humana.
“À medida que nossa capacidade de armazenar se amplia, mais premente é a necessidade de desenvolver modos mais penetrantes e profundos de ler histórias cifradas. Para tanto, temos de deixar de lado as tão louvadas virtudes do rápido e do fácil e reaver nossa percepção positiva de qualidades quase perdidas: reflexão profunda, avanço lento, tarefas difíceis” . p. 69.
Eu reli a frase acima umas três vezes, não por falta de compreensão, mas por estar meio extasiada de ter lido uma coisa que eu pensava mas nunca havia formulado em palavras. Sabe como é isso? Você sente uma coisa, mas não sabe explicar, aí vem alguém e