Resenha Cidade das Palavras
É muito interessante a sua forma de escrita que se assemelha a uma costura, ou melhor, a um encadeamento de links que conduzem ao leitor, no início, meio perdido diante de tantas informações, mas logo depois completamente mergulhado e inebriado, se dando conta do quão fascinante é estudar os usos da linguagem.
“Porque estamos juntos” é a pergunta que dá início ao livro e que percorre toda a obra.
Manguel reconhece o caráter gregário do ser humano, mas se parasse aí, poder-se-ia dizer que estava chovendo no molhado. O que ele busca discutir se refere ao que mantém os grupos juntos, o que lhes confere senso de pertencimento, de identidade. O que faz com que nos reconheçamos como parte de uma sociedade diferente de outras. A eterna dinâmica eu-outro, que, invariavelmente leva a outra brilhante discussão sobre o estranho, o estrangeiro. O medo que o outro nos causa, mas, ao mesmo tempo, a profunda necessidade de que ele exista para a nossa própria afirmação.
“que nossa vida nunca é individual; que é infinitamente enriquecida pela presença do outro e, portanto, empobrecida por sua ausência. Sozinhos, não temos nome nem rosto, ninguém que nos chame e nenhum reflexo que nos permita reconhecer nossas feições”. P. 40.
Nesse sentido, a leitura de Manguel me trouxe de volta a discussão que fiz na resenha das Crônicas de Nárnia ( relembre aqui! ), sobre a forma de C.S. Lewis falar do Oriente como sempre exótico, feroz, cruel e não plenamente desenvolvido como o Ocidente. As análises nessa parte de A cidade das palavras se focam na Espanha disputada por árabes, judeus e católicos e são ricas como uma aula de história.
O autor ainda pontua como o Norte também figura em várias histórias como o