Cidadania
Os direitos não nascem todos de uma vez. Nascem quando devem ou podem nascer. Nascem quando o aumento do poder do homem sobre o homem cria novas ameaças à liberdade do indivíduo, ou permite novos remédios para suas indigências, embora as exigências de direitos possam estar dispostas cronologicamente em diversas fases ou gerações, suas espécies são apenas duas: ou impedir os malefícios de tais poderes ou obter seus benefícios.
Cresce, no debate atual sobre os efeitos da assim chamada globalização na sociedade brasileira, uma discussão mais conseqüente que busca caracterizar a complexa relação existente entre as transformações econômicas, sociais, culturais e políticas. Começa-se a sair de uma visão simplista acerca destas transformações que se limitavam a constatar as novas características da economia mundial, considerando-as como "fatos irreversíveis" que se refletiriam automaticamente nas demais esferas sociais.
A "globalização" como problema
Ao se discutir a relação entre globalização e cidadania, o primeiro ponto a ser ressaltado é que o termo "globalização" deve ser empregado apenas com reservas. Isto porque a própria vulgarização do termo o torna praticamente destituído de um significado mais consistente.
Podemos dizer que o termo globalização tem sido utilizado para caracterizar um conjunto bastante heterogêneo de fenômenos, que ocorreram ou ganharam impulso a partir do final dos anos 80, mas que estariam desenhando todos uma efetiva "sociedade mundial", ou seja, uma sociedade na qual os principais processos e acontecimentos históricos ocorrem e se desdobram em escala global.
"O globo não é mais exclusivamente um conglomerado de nações, sociedades nacionais, estados-nações, em suas relações de interdependência, dependência, colonialismo, imperialismo, bilateralismo, multilateralismo. Ao mesmo tempo, o centro do mundo não é mais voltado só ao indivíduo, tomado singular e coletivamente como povo, classe, grupo,