Cidadania
Cláudia Maria Maciel Lopes
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Nascido no município cearense de Morada Nova, a 170 km de Fortaleza, Antonio de Oliveira Lima é o terceiro filho de uma família de cinco irmãos. Quando ainda criança, vivenciou o problema que hoje combate como missão: o trabalho precoce. Morava em uma casa de taipa, na zona rural. Sua infância foi a de uma criança que não tinha muitas opções. Para se divertir, inovava com latas, peão e brinquedos “inventados”. E ajudava nas tarefas de casa.
Começou a estudar com 8 anos, quando se mudou para Antônio Diogo, distrito do município de Redenção (CE). Filho de agricultor, começou a ajudar o pai ainda aos 9 anos. Trabalhar no chamado regime de economia familiar foi sua sina e de todos os irmãos.
Pela manhã, estudava. À tarde, desenvolvia outras tarefas, principalmente em épocas de plantio e de colheita. Nesse período, quando chegava da aula, fazia as tarefas e ia ajudar na agricultura. Brincadeiras? Tinham de aguardar o final de semana. Não havia outra opção. Nem o ECA existia ainda. Dentro do que lhe era ofertado, acabou criando gosto e respeito pelo trabalho. Pelo menos o direito de estudar, a família o assegurava. Durante todo o ensino fundamental, à época chamado de primeiro grau, morou na zona rural de Antônio Diogo.
Para continuar estudando em séries mais avançadas, seus irmãos mais velhos tinham que caminhar de cinco a seis quilômetros, todos os dias, até a cidade. Em 1980, seu pai comprou uma casa na zona urbana, mas, então com 11 anos, Antonio continuava trabalhando na agricultura. Sonho de ser médico? Empresário? Fazendeiro? O menino não sabia ainda exatamente o que sonhar. Mas tinha certeza de que estudar era o caminho para mudar a triste realidade.
As pessoas diziam: “Ah, o Toinho é estudioso. Ele vai ser doutor”.
Ao lado do pai, a criança ouvia falar da elaboração de uma nova Constituição. Gostava de acompanhar os noticiários, especialmente sobre os acontecimentos de