cidadania
Esta posição é polêmica, na medida em que colide com um dos pressupostos fundamentais do imaginário moderno, o 'individualism. A afirmação da autora exige, assim, ser discutida em todas as implicações, o que significa, creio, introduzir no debate a concepção do 'cenário' no qual se opera a emergência do sujeito. Esse cenário se organiza em torno das relações entre a natureza e a cultura, questão sobre a qual o imaginário moderno sustenta uma posição questionada pela perspectiva adotada pela autora.
O imaginário moderno construiu seu paradigma em torno de uma perspectiva dualista, cuja matriz é a separação do ser humano em relação à natureza. Essa perspectiva se desdobra, ainda, no dualismo, na concepção do próprio homem, entre seu psiquismo reduzido à consciência racional e seu corpo, assimilado a uma máquina, fonte de 'forças' alheias a qualquer sentido. Desdobra-se também no dualismo constitutivo do processo de conhecimento, que, separando o sujeito do objeto, sanciona a exclusividade do conhecimento científico-racional. Este conjunto de pressupostos se associa à concepção do sujeito enquanto 'indivíduo' que antecede a sociedade e cuja inserção nesta constitui um fato que é preciso justificar.
Tal concepção, hegemônica no imaginário moderno, estreita as alternativas para se conceber as relações entre o indivíduo e a sociedade, estabelecendo o que Adriana Geisler denomina "oposição maniqueísta". Em uma das alternativas, o desejo do indivíduo é considerado libertador, enquanto a sociedade só pode ser