Quando cheguei em casa, anestesiada de preguiça, com uma vontade louca de me envolver nas cobertas e tudo isso acarretado de um clima totalmente favorável para o sono, fui diretamente para a cama. Bendito seja o edredom. Santificado seja meu travesseiro. Me encontrava em estado de êxtase. Maldita hora que o estômago reclama. Rugia mais alto que um leão. Fome. Hora de sair do ninho feito de cobertas e enfrentar o gélido ar que vinha das janelas da cozinha. Com delicadeza, com cuidado, com cautela procuro minuciosamente por qualquer coisa que possa servir para acalmar meu selvagem estômago. No fogão nada de comida. Maldição. Lembrei que há dias minha doce progenitora não fazia almoço. Culpa dela. O famoso pecado capital. A preguiça. Mãe, obrigada por fazer comida descente para que eu me alimente saudavelmente. Chegou a vez de olhar dentro do refrigerador vulgo geladeira. Temi em abri-la e não encontrar algo para que eu pudesse me saciar. Decido enfrenta-la. Abro-a. Ali, do lado, na porta vi algo que me chamou a atenção. Uma pequena embalagem. Seis frascos, cobertos com papel alumínio azul. Não estava crendo no que estava ali diante dos meus olhos. Leite fermentado. Chamyto. Em fração de segundos abro a embalagem e retiro cuidadosamente o frasco. Tira a vulgo “tampa” e delicadamente encosto em meus lábios e o liquido, manjar dos deuses desce por minha boca. E ali naquele momento, volto a ter seis anos. Lembro de toda a minha infância. Lembro de idas a casa da minha avô, de brincar com minhas primas. Lembro de tempos mais fáceis, mais simples que somente são proporcionados na infância. A doce infância. As alegres tardes de brincadeiras. Os domingos ensolarados sem preocupações. Os domingos chuvosos sem preocupações. Não havia receio. Não havia duvidas. Não havia medo do futuro. Havia somente a vontade de brincar, de sorrir, de ter esperança. Queria ficar ali, em estado de torpor, pensando nas brincadeiras, lembrando do quão era bom passar a manhã assistindo