Chalça
Naturalmente, a noiva não queria saber de convivência com a "outra" sob o mesmo teto. Para contentá-la, o pai teve de mandar sua infortunada amante para a África e fazer desaparecer o menino Francisco, que contava então oito anos. A solução encontrada foi engenhosa: o futuro Barão pagou oito mil cruzados (soma considerável na época) a um protegido, Antonio Gomes, para assumir a paternidade do menino e o registrar como filho legítimo. O pai "testa-de-ferro" ainda ganhou, por influência do futuro Visconde, um emprego público como ourives da Casa Real.
Quanto a Francisco, foi mandado para o seminário de Santarém, preparar-se para ser padre. Lá, aprendeu filosofia e latim, além de falar fluentemente francês, inglês, italiano eespanhol. Este preparo cultural em muito o ajudaria na idade adulta.
Estava quase a ordenar-se sacerdote quando chegaram as notícias dos preparativos da fuga da corte portuguesa para o Brasil. Tinha 16 anos. Brigou com o reitor e com o padre-mestre de disciplina do seminário e viajou para Lisboa, decidido a participar dos acontecimentos. No caminho, foi preso por uma guarnição francesa e condenado como espião. Às vésperas de ser fuzilado, conseguiu por acaso evadir-se de forma espetacular, chegando ao cais de Lisboa na mesma manhã em que D. João VI e sua corte embarcavam para o Brasil.
De alguma forma conseguiu reencontrar o pai adotivo e introduzir-se nas embarcações. De condenado à morte, passou a membro da multidão de 15 mil lusitanos que desembarcaria no