Cesário Verde

Temas mais importantes na poesia de Cesário

1. O binómio ( contraste) cidade / campo Na cidade
. As ruas, as gentes, as cores, os movimentos, os cheiros ; os sinais de progresso e modernidade.
. A degradação física e moral – “os corpos enfezados”, a prostituição, o artificialismo, a moda e o luxo excessivo.
. Também os trabalhadores úteis, ainda que explorados ( calceteiros, valadores, varinas, carpinteiros, calafates, mulheres operárias ; o padeiro e o cutileiro ) revelando grande energia .
. A cidade é opressão, confinamento, sensação de claustrofobia, embora , por vezes, com exuberantes manifestações de vida. ; o poeta à beira de um aneurisma ou apoplexia. No campo Descreve as actividades agrícolas , os frutos, os legumes, o ambiente rústico em geral. No campo há saúde, energia, fertilidade e autenticidade. É também o espaço da memória da infância, no poema “Em Petiz”. Até os trabalhadores válidos da cidade têm origem rural: “os filhos das lezírias, dos montados; / os das planícies, altos, aprumados; / os das montanhas, baixos, trepadores” (Cristalizações).
A bipolarização cidade/campo não é, contudo, absolutamente rigorosa, visto que, também no campo, o poeta encontra a doença e a miséria. Recordando a sua infância no campo, Cesário escreve:
“Fugia com o terror dos pobrezinhos/ (...) E os pobres metem medo (...) “/ “ Mendigazitas sórdidas, gorduchas!”/ “Vícios, sezões, epidemias, furtos, “ (...) “Bandos de selvagenzinhos” (Em Petiz)

2. A mulher e o erotismo

• A mulher fria, distante, magnética, luxuosa; aristocrata ou da alta burguesia. A mulher, imagem da Morte, que desmasculiniza o homem. A incapacidade do sujeito é compensada pela força vital e mesmo violenta da classe socialmente oprimida com a qual o poeta surge em aliança (poemas Deslumbramentos e Esplêndida)
“Ei-la! Como vai bela! (...) / E os negros corcéis que a espuma veste, / Sobem a trote a Rua do Alecrim, / Velozes como a peste./ Os lacaios vão firmes na