Cesário Verde "num bairro moderno"
Temática e organização
Introdução
Vivendo numa época de contrastes, (cidade e ruralidade) Cesário Verde transpõe para a sua poesia a realidade que o envolve. Neste poema, Cesário deambula solitário, percorrendo ruas, becos, praças da sua cidade, observando quem passa, quem trabalha expressando uma realidade que modifica através do seu olhar poético.
Poeta do quotidiano, tenta visionar situações vividas no dia-a-dia revelando uma atenção permanente ao que o rodeia, recolhendo através da técnica impressionista (pintura), pormenores e sensações que permitem transmitir sugestões e impressões da realidade. O poeta observa atentamente tudo o que o rodeia, captando sensorialmente cores, formas, sons e cheiros, construindo o seu poema que aparece concreto, prosaica que assume a forma de uma narrativa.
Este poema reflete a corrente literária “Parnasianismo” que tem como finalidade a expressão do real, reproduzindo formas e cores, num estilo claro, preciso e de estética clássica. Os aspetos vulgares e insignificantes e as existências medíocres aparecem elevados a um nível poético, tudo escrito numa cuidada forma, vocabulário e expressividade de imagens carregadas de sensações que aproximam a poesia da pintura.
Análise Formal
O poema é constituído por 20 estrofes, cada estrofe tem 5 versos (quintilha).
Os versos são decassilábicos. A rima é do tipo A B / A A B (rimas cruzadas e emparelhadas).
Ex: “ Dez horas da manhã; os transparentes (A) Matizam uma casa apalaçada; (B) Pelos jardins estancam-se as nascentes quentes, (A) E fere a vista, com brancuras quentes, (A) A larga rua macadamizada.” (B)
O tema/assunto é a deambulação do sujeito poético que vai encontrando várias personagens no seu percurso matinal.
(1) Existe uma preocupação de localização espácio temporal ao longo de todo o poema (estrofes 1,2,6,16) – elementos realistas.
(2) Vários planos focados pelo olhar do sujeito poético como se fosse uma