cesario verde
Naquele piquenique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpura a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Análise:
Estrutura externa:
4 quadras cada uma com 4 versos versos decassilábicos rima pobre e rica esquema rimático : rima cruzada a b a b figuras de estilo: aliteração: "A um granzoal azul de grão-de-bico" ; "Um ramalhete rubro de papoulas." ; "E pão-de-ló molhado em malvasia" ; "E houve talhadas de melão, damascos" sinestesias: "um granzoal azul de grão-de-bico" ; "Nós acampámos, inda o Sol se via; E houve talhadas de melão, damascos, E pão-de-ló molhado em malvasia." ; "todo púrpura a sair da renda, Dos teus dois seios como duas rolas" comparação : " todo púrpura a sair da renda, Dos teus dois seios como duas rolas"
Extrutura interna :
1º quadra --> introdução : apresenta-nos o poema como uma aguarela respresentativa de um pic-nic de burguesas em que o sujeito poético vê uma mulher muito bela.
2º e 3º quadras --> descrição do pic-nic
4º quadra --> o sujeito poético refere-se à memória mais grata que ficou da merenda: o ramalhete de papulas
http://www.slideboom.com/presentations/242145/De-tarde